sábado, 18 de agosto de 2007

O que o designer deve saber mesmo antes da faculdade

1) Talento não é tudo
Como em qualquer profissão existente, talento não é tudo. É bom, mas não garante sucesso pleno. Você pode vencer pelo esforço e pela facilidade de aprender e apreender informações. A criatividade sim, é fundamental, além de muito esforço e suor - claro!

2) Design pode ser uma via crucis
Design é bonito. Design é legal. Design é chato. Chato? Sim, muito chato. A realidade dos trabalhos de faculdade é uma coisa linda, até porque a única pessoa que você tem que convencer é o professor e, o máximo que pode acontecer é você tomar bomba se não agradar o dito cujo. A vida real, ela é sim, dura. Problemas a resolver - inerente à profissão, negociações a fazer, contas a pagar...se você não tem paciência e está encantado com o glamour da profissão, você é um sério candidato a roer a corda quando o barco começar a afundar.

3) O que realmente é importante?
Se tudo é importante, nada é realmente importante. Mas, é tudo mesmo, nos míiiinimos detalhes? Defina hierarquias, seja de trabalho e/ou funções. Tudo vai andar melhor e mais rápido. Acredite.

4) Pensando demasiadamente no problema
Designer deve resolver um problema partindo de um ponto de vista, certo? Então, porque prolongar um problema se você achou uma solução? Tá, designers são obsessivos por natureza, ok. Mas, não complique se a solução estiver ao seu alcance. Simples assim.

5) Primeiro, dê atenção ao que você sabe
Comece pelo óbvio. Faça primeiro o que você sabe, na hora de fazer o rascunho, preste atenção nos detalhes que você conhece e pode resolver. Deixe o que você não conhece após esta definição inicial. Dessa forma você elimina as questões mais complexas, uma a uma, facilitando o acesso à solução. Princípio básico que todo designer deveria saber, mas a maioria acaba esquecendo.

6) Foco
A palavra de ordem é: Mantenha o foco. Na ansiedade das idéias brilhantes, você pode acabar se desvencilhando do cerne da questão, do tema central do 'seu' problema. Uma idéia original é algo fantástico, principalmente se você se atém ao seu objetivo inicial. No meio do caminho podem aparecer "N" idéias brilhantes, que podem te desviar do que realmente o cliente precisa e do que você tem para dar como solução. Portanto, muito cuidado para não acabar entregando um abacaxi pra quem te pediu uma uva.

7) Equilibrando o Ego
Excesso de confiança é tão ruim como a baixa auto-estima. Não se julgue o senhor de todas as coisas, pois você acaba quebrando a cara. Seja humilde, ouça, aceite. Você não está acima das pessoas. Não abuse do seu poder de criar as coisas tampouco subestime aquilo que você não sabe, caso contrário o resultado pode nao ser dos mais agradáveis - neste caso geralmente não é. Um "Designer estrela" acaba virando um meteorito e se espatifa no chão. O Designer está bem abaixo na hierarquia social se compararmos a artistas de cinema, banqueiros e advogados. Acredite. E não se apavore caso você trabalhe numa empresa onde o salário de um estofador é 2x maior que o seu.

8) Esteja preparado para defender suas idéias
As idéias brilhantes e a inovação vão de encontro ao contrato social. Para que você possa defender as suas soluções você terá que fazer muito, mas muito esforço. Geralmente a idéia não passa "virgem" pelo cliente, dificilmente ele aprovará sem ressalvas. Isso quando aprova. É como um jogo de perde-e-ganha. Um dia é da caça...Assim, prepare-se com afinco, para trabalhar muito, para se dedicar muito, ou então desista. O trabalho do Designer é como as lutas marciais: assim como um judoca no tatame, nunca subestime os seus oponentes. MAS, se você luta ao lado da excelência e criatividade, ganhará inúmeros oponentes.

9) Resultado, resultado... e resultado!
De nada adianta você ser o mago dos softwares, das soluções de todos os problemas visuais, de usabilidade e comunicação, se a essas características não existirem em prol do resultado. É ele é quem manda. É ele que paga as contas. A ordem é: se você possui todas as habilidades necessárias, vincule-as aos resultados, pois é isso que conta ao final de tudo. Até porque o cliente paga pelo resultado, e não pelo método que você utilizou em seu processo criativo. Fale em bom e em português claro, sem enrolar. Se o calouro vai que raios é "holístico", você acha que o cliente vai entender?

10) O resto do mundo também é importante
Se você quer realizar algo de bom na vida, vai precisar das pessoas. Inclusive daquelas que você mais odiava na faculdade. Não interessa o quão bom é o seu design, alguém terá que transforma-lo no produto. Alguém terá que produzi-la, assegura-la e é claro, compra-la. Portanto, considere e respeite todas estas pessoas, pois como dito no início, você ainda precisará delas. E a parte mais difícil, aquela história de "o cliente ter sempre razão". Portanto, não brigue com ele. Se você fizer um trabalho que ele julgue espetacular, ele se anima, e só. Vai apresentar como algo "feito para ele", e se bobear, nem vai lembrar o seu nome. No entando, se ele não gostar, meu amigo, ele fala mal do seu trabalho pra meio mundo. Isso é fato.

11) Idéia boa? Não, produto bom!
Ainda que você tenha uma idéia maravilhosa, ela só vai ser confirmada como um bom produto final, após passar por toda a cadeia produtiva, ganhando respaldo comercial, financeiro, logístico e de comunicação. Sendo assim, não se preocupe com eventuais cópias. Encare como reconhecimento pelo seu trabalho bem feito, e lembre de que você foi quem chegou na frente.

12) Inovação em excesso pode ser um tiro no pé
Se você resgata um náufrago após meses em alto mar, não vai dar feijoada com doce de jaca, pois certamente vai matar o coitado. Fato similar acontece com as empresas que não estão acostumadas a inovação. Nesses casos, propor algo demasiadamente inovador logo de cara pode ser um deboche, um convite ao fracasso mesmo. Faça o básico, conheça a marca, os produtos e serviços, a tradição da marca, dê uma "ajeitada" se for necessário, e depois introduza em doses homeopáticas as inovações, de forma que a empresa vá se acostumando com a nova cultura.

enviado por Alessandra Papa

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